Archive for the ‘General’ Category

Crónica de Ana Madalena Bach

Monday, February 27th, 2017

Chronik der Anna Magdalena Bach

 

 

Alemanha

1967-68

93 min

 

O filme mais acessível de Jean-Marie Straub, sobre o trabalho de Johann Sebastian Bach. Contrariamente ao que muitos pensam, o filme não é baseado em The Little Chronicle of Anna Magdalena Bach, romance de Esther Meynell, que muitos tomam pelo verdadeiro diário da segunda mulher de Bach. Ao filmar uma história de amor que não se parece com nenhuma outra (uma mulher fala do marido que amou até à morte), o realizador fez com que verdadeiros músicos executassem a música de Bach em som direto, o que era uma novidade absoluta e um exemplo que não foi seguido por muitos. Por isto, “a música de Bach não é um acompanhamento nem um comentário, mas a matéria-prima” do filme.

 

 

 

 

 

 

Não Reconciliados ou Só a Violência Ajuda Onde a Violência Reina

Monday, February 27th, 2017

Nicht versöhnt oder Es hilft nur Gewalt, wo Gewalt herrscht

 

Alemanha

1965

53 min

 

 

Nicht versöhnt foi o filme que tornou conhecido o nome de Straub – depois de provocar um escândalo no Festival de Berlim de 1965. Com base numa novela de Heinrich Böll, trata-se, nas palavras de Straub, de “uma espécie de filmeoratório” que narra “a história de uma frustração, a frustração da violência, a frustração de um povo que falhou a sua revolução de 1848 e não conseguiu livrar-se do fascismo.”

 

 

 

 

 

Os olhos não querem estar sempre fechados (Othon)

Monday, February 27th, 2017

Les yeux ne veulent pas en tout temps se fermer, ou Peut-être qu’un jour Rome se permettra de choisir à son tour

 

Alemanha, Itália

1969

83 min

 

 

Jean-Marie Straub é um grande admirador de Pierre Corneille, o dramaturgo francês do século XVII. Em Othon, uma das suas últimas peças, Corneille aborda a tomada do poder em Roma pelo imperador Othon e o homicídio do seu predecessor, Alba. Para Straub, Othon é um oportunista político e este é “um filme sobre a ausência do povo”. De modo tipicamente straubiano, o filme foi filmado ao ar livre em Roma, com atores amadores, nem todos de língua materna francesa, que devem dizer os difíceis alexandrinos da peça (Straub gosta de sotaques e detesta a escanção clássica). O título do filme, de que Othon é o subtítulo, é formado por dois versos da peça, o primeiro dos quais é uma verdadeira tomada de posição straubiana: “os olhos não querem estar sempre fechados” e, por isso, devem estar sempre bem abertos.

 

 

 

 

 

 

Fortini/Cani – Os Cães do Sinai

Monday, February 27th, 2017

Fortini/Cani 

 

Itália

1976

83 min

 

 

 

O filme baseia-se num ensaio de Franco Fortini, um dos mais conhecidos intelectuais italianos do século XX, publicado três meses depois da Guerra dos Seis Dias, de junho de 1967, quando Israel alterou radicalmente o seu território, usurpando partes de três países vizinhos. O livro valeu a Fortini, nas suas palavras, “isolamento e ódios tenazes”. Straub declarou que o que interessara “era a cólera de um homem já idoso, filho de pai judeu e mãe cristã e que teve a coragem, enquanto intelectual italiano, de escrever um panfleto”. O filme consiste na leitura do texto pelo autor, minuciosamente ensaiado, em contraponto a paisagens italianas. Manuel Cintra Ferreira observou a propósito deste filme, “O que Straub fornece a quem quer ver são apenas os elementos de que dispõe. Esta é, no fim de contas, a evocação da História possível. Tudo o mais, reconstituições mais ou menos ‘perfeitas’ ou ‘grandiosas’, não é mais do que mero espetáculo”.

 

 

 

 

 

 

Lições de História

Monday, February 27th, 2017

Geschichtsunterricht

 

Alemanha

1972

88 min

 

 

Tendo como ponto de partida um romance póstumo e inacabado de Brecht sobre a tomada do poder por Júlio César, Geschichtsunterricht foi o primeiro trabalho feito por Jean-Marie Straub para a televisão, porque “sabíamos que nunca seria distribuído numa sala de cinema”. Danièle Huillet dizia inclusive que era possível apanhar este filme a meio, sem vê-lo obrigatoriamente a partir do início. Como indica o título do romance (“Os Negócios do Senhor Júlio César”) o imperador é despido da sua imagem oficial e mostrado como um oportunista. O filme justapõe a Roma antiga à contemporânea e nele o narrador é transformado num jovem alemão do século XX, que alarga a sua pesquisa sobre César a muitos outros governantes.

 

 

 

 

 

 

Moisés e Aarão

Monday, February 27th, 2017

Moses und Aron

 

Alemanha, Áustria, Itália, França,

1974

105 min

 

 

 

 

Jean-Marie Straub e Danièle Huillet tinham uma forte identificação com a figura de Arnold Schönberg, que como eles foi um artista solitário e austero. Schönberg, por sua vez, identificava-se com a figura de Moisés, que ouvia a voz de Deus no deserto, enquanto a turba adorava um bezerro de ouro. Ao adaptarem a ópera inacabada do compositor vienense, Straub e Huillet, que sabiam ler música, começaram por fazer “aquilo que ninguém faz: procurar as nervuras na partitura para saber onde será possível intervir, mudar de plano, começar um bloco sonoro e interrompê-lo”. Filmado em cenários naturais, o filme foi feito em som direto, o que é obrigatório em Straub, numa autêntica proeza técnica. A abrir a sessão, outra obra schoenberguiana de Straub-Huillet, feita sobre uma música escrita para uma cena de um filme imaginário (“perigo ameaçador, angústia, catástrofe” foram os temas escolhidos pelo compositor). Straub-Huillet sobrepõem à música trechos da correspondência entre Schoenberg e Kandinsky. MOSES UND ARON é o primeiro filme cuja realização é coassinada por Danièle Huillet.

Monday, February 20th, 2017