DE UMA CARTA DO MARCENEIRO ZIMMER À MÃE DE HÖLDERLIN
Tubinga, 19 de Abril de 1812
[…] Mandei vir o Senhor Professor Gmelin para ver como médico o seu querido Filho, e ele disse que nada ainda se podia dizer ao certo sobre o verdadeiro estado do seu Filho mas que lhe parecia que era um afrouxamento da natureza, e infelizmente minha boa Senhora vejo-me na triste necessidade de lhe escrever que também eu creio que assim é.
A sua bela esperança de tornar a ver o seu querido Filho feliz neste mundo teria assim infelizmente que desaparecer, ai infelizmente, mas venha o que vier Ele será com certeza feliz na outra vida. Dentro de 8 ou 15 dias talvez lhe possa dar notícias mais seguras.
O seu espírito poético mostra-se ainda activo, assim Ele viu em minha casa o desenho dum templo. Ele disse-me para eu fazer um assim de madeira, eu respondi-lhe que eu tinha de trabalhar para ganhar o pão, que não tinha a felicidade de viver assim no Repouso Filosófico como Ele, e Ele respondeu-me logo, Ai eu não passo de um pobre homem, e naquele mesmo minuto escreveu-me o seguinte verso a lápis sobre uma tábua
As linhas desta vida são diferentes,
Como são os caminhos e as fronteiras dos montes.
O que aqui somos, pode acabá-lo além um Deus
Com harmonias, prémio eterno e paz.
[…]