O Verão estava a acabar

 

 

Mensageiro da promessa
extraviada, os olhos
do mais indeciso azul
que conheci. Alguma vez
hei-de traçar por extenso
a curva do descaminho.

 

Foi talvez aquele beijo
a meia praça ou o acaso
de fumares tabaco negro.
Por dentro das ruas
quietas, o eco de uma voz
que mal se ouvia:

 

estamos todos tão sós
em toda a parte

 

e é quase dia.

 

 

 

Aberto ao acaso: Cesare Pavese, A Lua e as Fogueiras [trad. de Manuel Seabra], Arcádia, Lisboa, s/d, p. 126.

 

 

Oráculos de Cabeceira, Rui Pires Cabral

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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